Brasil, Destaque

O empobrecimento da classe média brasileira nos últimos anos

Crítica de Lula ao suposto padrão de vida consumista dessa parcela da população desconsidera o empobrecimento dos brasileiros nos últimos anos. Em 2021, Paulo Guedes disse que a classe média comia demais.

A classe média corresponde a aproximadamente metade da população brasileira. Em larga medida, esse 100 milhões de cidadãos contam com o salário para enfrentar as turbulências da economia. Acompanham, dia a dia, a perda do poder de compra em razão de uma inflação resistente e em alta. Mas, mesmo sofrendo perdas, a classe média é objeto de críticas de políticos. O último desaforo partiu do pré-candidato à presidência pelo PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em debate promovido pela Fundação Perseu Abramo e a Fundação Friedrich Ebert, na semana passada, o petista afirmou que a classe média brasileira é abastada. O tom populista do ex-presidente ignorou o empobrecimento da população brasileira ao longo dos anos.

“Nós temos uma classe média que ostenta um padrão de vida que não tem na Europa, que não tem em muitos lugares. Aqui na América Latina, a chamada classe média ostenta muito um padrão de vida acima do necessário”, disse o petista. E completou: “É uma pena que a gente não nasce e a gente não tem uma aula: o que que é necessário para sobreviver? Tem um limite que pode me contentar como um ser humano. Eu quero uma casa, eu quero casar, eu quero ter um carro, eu quero ter uma televisão, não precisa ter uma em cada sala. Uma televisão já tá boa”, enfatizou o presidente.

E prosseguiu: “Eu quero um computador, eu quero um celular. Ou seja, na medida que você não impõe limite, você faz com que as pessoas comprem um barco de 400 milhões de dólares e comprem um outro para pousar o seu helicóptero”, comentou Lula.

Os comentários do petista não condizem com a realidade. De acordo com o Instituto Locomotiva, o tamanho da classe média brasileira (renda familiar de R$ 2.971,37 a R$ 7.202,57) ficou no menor patamar em mais de 10 anos em relação ao total da população. Os estudos têm como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

Em 2011, os brasileiros de classe média correspondiam a 54% da população. Em 2020, esse índice chegava a 51%. Em 2021, caiu para 47%. Já a classe baixa subiu de 38%, em 2010, para 43% em 2020, chegando a 47% em 2021. Ou seja, o número de pessoas de classe média caiu de 105 milhões, em março de 2020 para 100,1 milhões, em março de 2021, um aumento de 4,9 milhões de brasileiros na classe baixa.

A classe média-alta das regiões metropolitanas também foi afetada, segundo a 6ª edição do Boletim Desigualdade nas Metrópoles, publicada em janeiro. Conforme o estudo, a renda domiciliar per capita caiu para R$ 6.411, em média, no terceiro trimestre do ano anterior. O valor é 8% menor do que o verificado em igual trimestre de 2020 (R$ 6.967) nas regiões metropolitanas. A pesquisa é produzida em parceria entre a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Observatório das Metrópoles e RedODSAL (Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina).

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