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Prefeitos do Entorno tentam acordo com DF para conter pandemia

Prefeituras do Entorno de Brasília devem anunciar medidas mais restritivas até o final desta semana. Mas querem envolvimento do DF.

Prefeitos de municípios do Entorno do Distrito Federal estão preocupados pela classificação de calamidade em relação à pandemia de novo coronavírus, mas sabem que de nada adiantarão medidas restritivas na região se não houver um alinhamento de ações com o Governo do Distrito Federal. Eles querem isso. No entanto, até agora, não há indicativo desse caminho em comum.

Conforme o mapa da pandemia, divulgado na semana passada pela Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), o Entorno do DF está em situação de calamidade em relação à contaminação da Covid-19 e circulação de variantes do vírus. Esse é o pior quadro.

Para tentar desacelerar o ritmo do contágio do coronavírus, prefeitos dos municípios da região se reuniram com Secretaria de Estado da Saúde de Goiás e parlamentares estaduais e federais goianos na tarde desta segunda-feira (22/2) em Goiânia. Em pauta: a busca de soluções e acordos para conter os efeitos da pandemia.

Participaram da reunião os prefeitos da região do Entorno do DF, o secretário de saúde de Goiás, Ismael Alexandrino; a coordenadora da área da saúde do Ministério Público de Goiás (MPGO), promotora Karina D’Abruzzo; o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Lissauer Vieira (PSB); o deputado federal Glaustin da Fokus (PSC) e o ex-presidente da Codego, Marcos Cabral.

O prefeito de Valparaíso de Goiás, Pábio Mossoró (MDB), informou que o grupo segue na tentativa de um acordo com o Governo do Distrito Federal para que sejam tomadas medidas conjuntas na região, que tem grande fluxo de pessoas.

“Nós sabemos que as unidades são distintas, mas o deslocamento de pessoas da região do Entorno para o DF é muito grande. Só em Valparaíso são 40 mil pessoas diariamente. Vamos tentar um acordo para deliberar as medidas conjuntas”, afirmou o prefeito.

Segundo Mossoró, Alexandrino deve se reunir nesta terça-feira (23/2) com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal para uma intermediação. De acordo com o gestor de Valparaíso, as decisões quanto as medidas a serem adotadas na região devem ser anunciadas, no máximo, até sexta-feira (26/2).

A recomendação do Governo de Goiás para os municípios que estão na área vermelha de contágio para o coronavírus, como as cidades do Entorno, é para o fechamento das atividades não essenciais, o lockdown.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), informou que não planeja se juntar aos prefeitos do Entorno para determinar o fechamento de atividades não essenciais em função da pandemia da Covid-19. “Não pretendo fechar nada”, afirmou nesta segunda-feira (22/2).

Sob a condição de cumprir protocolos definidos para evitar a proliferação do novo coronavírus, o DF liberou a abertura de setores do comércio, como shoppings, bares e restaurantes.

A média móvel de mortes por Covid-19 no Distrito Federal está em 9,8. Em comparação com o verificado há 14 dias, o indicador sofreu aumento de 2,9%, percentual que está dentro dos padrões que indicam estabilidade.

Uma força-tarefa foi montada na manhã de sábado (20/2) para alertar e conscientizar a população de Luziânia (GO), cidade do Entorno do Distrito Federal, quanto ao alto índice de contaminação pelo novo coronavírus no município. A iniciativa teve a participação das secretarias municipais de Saúde e de Segurança Pública, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar.

“Diante da sobrecarga dos serviços de saúde público e privado do município, e também do estado de Goiás, convocamos todas as pessoas a ficarem em casa e cumprirem todos os protocolos de prevenção e controle do combate à Covid-19”, dizia a mensagem propagada aos moradores em um carro de som.

Luziânia registrou número significativo de casos, e a preocupação aumenta com a circulação da variante do Reino Unido na região. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cepa foi confirmada como uma das mais transmissíveis e a que mais gera ocupação de leitos em hospitais, além de aumentar a mortalidade.

Situação crítica

Na semana passada, Alexandrino já havia destacado que, no momento, o mais importante é conseguir desacelerar a contaminação. “Sem dúvida, o Entorno Sul é algo que preocupa, por dois motivos: pela densidade demográfica, a segunda maior do estado, perdendo para a região metropolitana, e também pelo aspecto da sazonalidade em relação a Brasília. Do ponto de vista epidemiológico, a gente precisa frear a contaminação. Se um milhão de pessoas se contaminar ao mesmo tempo e, destas, 500 mil necessitarem de UTI, nenhum estado tem essa capacidade”, salientou.

Ainda de acordo com o secretário de Saúde de Goiás, o estado dispões de apenas duas unidades hospitalares na região do Entorno. Uma em Formosa, com 14 leitos, e outra em Luziânia, no Entorno Sul, com 30 leitos. “No mundo, a chance de mortalidade de quem vai para UTI por causa de Covid-19 é de 50% a 60%. Não adianta abrir leitos de UTI e cair na falsa ilusão de que abrir mais leitos está ok. Não se abre leitos de um dia para a noite. Quanto mais se contamina, mais chances de ter variantes diferentes, de ter mutação, de mais infecção e de não ter vacina suficiente”, reforçou Alexandrino.

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