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Bolsonaristas e olavistas convocam manifestações após prisão, mas atos fracassam

Prisão e acidente de Oswaldo Eustáquio na Papuda enfureceram militantes, que também protestaram contra a vacinação, mas em grupos pequenos.

Brasília e São Paulo – “O seu silêncio é assustador, presidente Jair Bolsonaro”, reclamou no Twitter neste início de semana o editor do site Terça Livre, Allan dos Santos, um dos mais destacados defensores do bolsonarismo nas redes sociais desde antes da eleição de 2018. Santos, autoexilado nos Estados Unidos e alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta promoção de atos antidemocráticos em Brasília, tem sido uma das vozes mais estridentes na web a cobrar do presidente uma espécie de “volta às origens” conservadoras.

A prisão de outro influenciador bolsonarista, o jornalista Oswaldo Eustáquio, no fim da última semana, inflamou de vez os militantes mais radicais do presidente, seguidores do escritor Olavo de Carvalho, mas uma convocação da turma para mostrar nas ruas a indignação não encontrou ecos pelo país nesta terça (22/12).

Os atos convocados por todo o país por influenciadores com muitos seguidores nas redes, como o próprio Allan dos Santos, tinham como pautas a defesa de Oswaldo Eustáquio, que eles chamam de “preso político”, o protesto contra a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 e pedidos por mais atenção a pautas conservadoras por parte do governo.

Veja algumas das cobranças, que pouco ecoaram tanto nas ruas quanto no próprio governo, já que o presidente Bolsonaro e seu entorno não tocaram no assunto, e sobrou para o ministro Fábio Faria, das Comunicações, tentar controlar as reclamações da militância governista “de raiz”.

Os influenciadores bolsonaristas convocaram os atos com o slogan “Dia 22 vai ser gigante”, mas não conseguiram juntar mais do que algumas dezenas de militantes mesmo em São Paulo, maior cidade do país.

Houve manifestações com as mesmas pautas em capitais como Belo Horizonte e Brasília, mas nenhuma juntou muita gente. Na capital federal, a chuva fina que perdurou durante a tarde desanimou ainda mais o pequeno grupo que se concentrou na Praça dos Três Poderes no fim da tarde.

“Já estamos na ditadura!”

A frase acima foi título de newsletter enviada na terça aos leitores do jornal governista e olavista Brasil sem Medo, um símbolo do que pensa essa militância mais raiz do bolsonarismo. A “ditadura” vista pelos olavista viria do Judiciário e do que veem como chantagem de setores do Legislativo.

“Que nome você daria a um regime que instaura inquéritos ilegais, persegue indivíduos por crime de opinião, boicota as ações do governo legitimamente eleito, não admite críticas ao sistema eleitoral, obriga a população a usar uma vacina cuja eficácia e segurança ainda não foram comprovadas, ameaça ou prende jornalistas e ainda permite que dois poderes da República e o establishment preparem um golpe para derrubar o presidente?”, questiona o texto do jornal olavista, em críticas que não têm sido respondidas pelo presidente já há meses, aumentando o isolamento desse grupo de apoiadores.

O influenciador Allan dos Santos chegou a reclamar no Twitter que Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente, e a ministra Damares Alves deixaram de segui-lo nas redes sociais em vez de responderem.

Respostas tímidas

Pressionada e até acusada de contribuir para a prisão de Oswaldo Eustáquio, que descumpriu medidas de restrição ao ir ao ministério comandado por ela pedir uma audiência, a ministra Damares Alves postou na terça um vídeo nas redes no qual se defende e diz que a pasta fez de tudo para impedir a prisão do influenciador.

Foi Oswaldo Eustáquio, segundo a pasta de Damares, que forçou a ida presencial ao local, em ato que levou o ministro Alexandre de Moraes a decretar sua prisão preventiva na última sexta (18/12).

Levado para o presídio da Papuda, em Brasília, Eustáquio se machucou em sua cela na segunda (21/12) e está hospitalizado desde então. No fim da tarde de ontem, um exame de ressonância mostrou que a lesão na coluna não afetou a medula do comunicador e que ele pode recuperar o movimento de um perna, perdido no acidente.

Já o ministro das Comunicações deu uma espécie de resposta oficial do governo sobre o tema – também no Twitter. Faria disse na tarde desta terça-feira (22/12) que o governo federal está “ciente e acompanhando de perto” o caso do influenciador digital preso.

A postagem do ministro foi resposta a uma internauta que cobrava um posicionamento oficial em relação a Eustáquio, que se diz vítima de perseguição judicial por apoiar o presidente Jair Bolsonaro. O jornalista é investigado em inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que trata da organização de atos antidemocráticos em março deste ano.

 

De Jair Bolsonaro, porém, os olavistas seguem esperando alguma declaração.

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