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DF terá investimento em infraestrutura acima de R$ 1 bilhão até 2026

Construções e reformas de terminais rodoviários, além da abertura de viadutos, como o do Recanto das Emas e o da EPIG, estão entre os exemplos. Enquanto parte delas não fica pronta, a população reclama dos transtornos.

Seja um viaduto, seja troca de pavimentação, por onde se anda na capital do país, é possível encontrar uma obra de grande porte. De acordo com o Governo do Distrito Federal (GDF), até o último ano de Ibaneis Rocha (MDB) à frente do Palácio do Buriti, devem ser investidos, pelo menos, R$ 1,01 bilhão em grandes empreitadas. Alguns exemplos são as construções e reformas de terminais rodoviários, além da abertura de viadutos, como o do Recanto das Emas e o da EPIG.

Outra grande obra é a revitalização da Avenida Hélio Prates. A promessa é de melhoria no paisagismo, troca de pavimentação, implantação do corredor exclusivo para BRT, entre outras benfeitorias. Enquanto isso, o que se vê no local é muita poeira e reclamação. O empresário Francisco Lopes, 70 anos, é dono de um comércio à beira da avenida há 33 anos e conta que o movimento da loja diminuiu bastante. “Têm me atrapalhado muito. As máquinas ficaram cerca de 15 dias na porta da minha loja. Durante esse período, não vendia nada”, recorda.

Segundo Lopes, quando o maquinário avançou, saindo da porta de sua loja, não mudou muita coisa. “Ficou a bagunça para trás. De agosto para cá, todo mês é um prejuízo. Nessa época que as máquinas ficaram por aqui, o faturamento chegou a diminuir 20%”, calcula. “Além disso, a despesa não baixa, pelo contrário, só faz aumentar. A conta de água, por exemplo, está nas alturas, porque temos que lavar a loja todos os dias, por conta da poeira”, reclama. “Nossa principal preocupação é com as vendas. Nós, comerciantes, esperamos que essa obra acabe logo, para as coisas voltarem ao normal”, torce.

Atrasos e dificuldades

A vendedora Maria da Conceição, 32,  também trabalha próximo à Hélio Prates há sete anos. A moradora de Águas Lindas (GO) vai na mesma linha do empresário. “Depois que a obra começou, o movimento nas lojas diminuiu bastante, principalmente porque a maioria dos retornos estão bloqueados e aí demora muito para achar uma entrada que leve às lojas”, argumenta.

Maria conta que depende do transporte público para chegar até o trabalho e voltar para casa e também reclama desses momentos. “Está difícil demais para atravessar a avenida e pegar ônibus. Temos que ficar no meio da rua (esperando o coletivo) e as redes que colocaram fazem com que a gente tenha que andar muito para chegar até uma faixa de pedestres ou semáforo”, detalha. “A terra também prejudica, porque quando está seco, vira poeira, quando chove, vira lama. Chego a lavar tênis pelo menos duas vezes na semana por causa disso”, acrescenta a vendedora.

Mais próximo do centro de Brasília, a obra do Setor Policial Sul também causa transtornos para quem passa. É o caso da recepcionista Larissa Almeida, 26, que pega ônibus na região três vezes na semana e reclama da falta de fluidez no trânsito, causada pelos serviços. “Está ficando bastante complicado. A qualquer hora tem engarrafamento próximo a essas obras. Com várias ao mesmo tempo, acaba atrapalhando mais ainda, principalmente, aqueles que precisam do transporte público”, comenta.

“Antes, costumava ficar na parada, no máximo, 10 minutos até passar um ônibus, pois passava com bastante frequência. Atualmente, tenho que esperar mais de meia hora até conseguir embarcar”, aponta. “Acabo me atrasando para o trabalho, quase que diariamente”, ressalta a moradora de Ceilândia Norte.

Intervenções necessárias

Professor de engenharia civil do Ceub e especialista em obras de mobilidade, Rideci Farias reforça que a execução simultânea de obras gera transtornos consideráveis para a população. Porém, o especialista destaca que as intervenções são necessárias. “Elas aliviam certos problemas por um período e aprimoram a fluidez do tráfego, reduzindo o tempo de deslocamento para quem transita por essas áreas”, avalia.

Segundo o especialista, comparado com outros locais do país, o DF tem “recursos extras” para lidar com esse tipo de situação. “O GDF ainda tem a capacidade de se comprometer com a execução dessas obras e enfrentar, ao mesmo tempo, a urgência de criar alternativas diante do número de veículos que trafegam pelas vias”, observa Rideci. Mesmo assim, ele faz um alerta para o futuro. “Se as obras de mobilidade não acompanharem, imediatamente, o aumento no número de veículos, o caos completo no trânsito se aproxima”, afirma.

Para o professor, o caminho mais eficaz para melhorar a mobilidade urbana é investir, de forma significativa, em transporte coletivo. “Um exemplo é a expansão do sistema metroviário para áreas de grande concentração populacional, tornando-o acessível, são chaves para levar as pessoas aos seus destinos”, ressalta.

Conforto

O secretário de Governo (Segov), José Humberto Pires, admite que, enquanto estão sendo feitas, as obras vão causar algum tipo de transtorno. “Mas o cidadão entende que isso é necessário para que o benefício venha depois. São serviços que vão ficar para as futuras gerações”, pondera. “As obras estruturais vão dar outro aspecto, não só visual como turístico, além de dar conforto para a população. As que são voltadas para a mobilidade, vão dar fluidez e rapidez para quem utiliza as vias do DF”, detalha o gestor.

Segundo José Humberto, para tentar diminuir os impactos, o governo tem estudado aberturas de vias secundárias, tanto para o fluxo de veículos quanto de pessoas. “Também colocamos sinalização e estamos divulgando, na imprensa, o andamento das obras e possíveis bloqueios, para organizar o trânsito da melhor maneira possível”, reforça.

Na questão comercial, o secretário comenta que o impacto da revitalização na Hélio Prates é uma realidade. “O que temos procurado fazer é conversar com os comerciantes para mostrar o impacto que se tem, porém, destacando que o benefício será grande, ao final”, pontua. “Não temos uma política específica para suprir esse problema, mas temos procurado abrir linhas de crédito, para que os comerciantes possam ter um apoio financeiro durante esse período difícil”, afirma Pires.

O secretário acrescenta que a orientação do governador Ibaneis Rocha é não aguardar até que a obra fique 100% concluída para entregar. “O pedido é para liberar as partes que forem ficando prontas. É o caso da Estrutural, Pistão Sul e alguns viadutos”, reforça. Sobre entregas, José Humberto Pires aponta que a pavimentação da via Estrutural é a que está mais próxima de ser finalizada. “Será entregue em 16 de dezembro. Estamos trabalhando fortemente e, até meados do ano que vem, esperamos que grande parte das obras sejam entregues, como os viadutos do Jardim Botânico e do Riacho Fundo”, detalha.

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