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Tiroteio após velório: entenda as versões de PM e motorista envolvidos

Motorista relatou que esposa saiu do carro dele abalada após velório da mãe. PM que atirou alegou evitar caso de violência contra a mulher.

Um sargento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) envolvido em um tiroteio na rua, em Planaltina (DF), afirmou em depoimento que atirou contra um veículo com três pessoas dentro porque acreditou que seria “agredido injustamente”, por tentar evitar um suposto caso de violência contra mulher. O episódio ocorreu no último sábado (18/11). A Polícia Civil (PCDF) investiga o caso.

O militar relatou à PCDF que jogava sinuca em um bar, quando percebeu que, “aparentemente, uma mulher era perseguida por um homem” em um carro. O sargento disse ter visto o momento em que a possível vítima afirmou, chorando, ter medidas protetivas contra o suposto agressor e exigiu que se afastasse.

Ao perceber a situação, o PM teria arremessado uma pedra que encontrou no chão contra o veículo do suspeito. A mulher, então, teria se afastado a pé, mas o suposto agressor a perseguiu de carro. Em seguida, o veículo teria parado, e o militar decidiu abordar o condutor do automóvel. Nessa hora, o motorista deixou o local.

A mulher envolvida na situação tinha medida protetiva contra o motorista. Em janeiro deste ano, o suspeito teria cuspido no rosto dela, ofendido a vítima e a ameaçado de morte. À época, ele tentou, inclusive, avançar de carro na direção da companheira. Posteriormente, contudo, ela pediu revogação da determinação judicial.

Após o ocorrido no fim de semana, o policial contou à PCDF que, momentos após sair de carro, o suposto agressor retornou, em outro veículo, na companhia de duas pessoas. Nesse momento, segundo o depoimento, testemunhas teriam afirmado que os ocupantes do carro estavam armados. Quando o automóvel se aproximou, então, o sargento atirou, por acreditar que seria “agredido”.

No boletim de ocorrência consta, ainda, que, ao perceber que o tiro atingiu o pneu do veículo, o PM entrou no carro dele e iniciou uma perseguição, “para que pudesse acompanhar [o outro carro] e, possivelmente, solicitar apoio”.

A alguns metros de onde começou a confusão, porém, o militar encontrou o automóvel abandonado. Após nova tentativa de abordar os suspeitos, o PM viu o trio fugir e disse que fez novos disparos, “para repelir possível agressão”.

Em seguida, o sargento se dirigiu ao batalhão onde trabalha, contou o que teria acontecido e, depois, foi à 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina), onde apresentou a arma de fogo usada por ele.

Versão do motorista

O condutor do carro que supostamente perseguia a mulher mora em Planaltina e contou à PCDF que voltava do velório da sogra com a esposa. Em dado momento, a companheira dele teria recebido uma ligação para tratar de assuntos familiares e saiu do veículo abalada.

Pouco depois de ela sair do carro, o motorista teria sido abordado por duas pessoas, que supostamente o ameaçaram. A dupla teria mandado o condutor “vazar” do local e apontado uma arma para a cabeça dele, que optou por fugir.

Devido à situação, o motorista bateu o veículo, segundo relatou, mas, ainda assim, teve de voltar ao local da confusão, para buscar a esposa. “Liguei para minha sobrinha, que estava com o namorado, para gente voltar [à região onde se deu o episódio] e pegar minha mulher. Voltando lá, perto de um bar, eles [as duas pessoas que o abordaram] me reconheceram no carro e deram vários tiros na gente”, relatou o condutor.

Nesse momento, de acordo com o depoimento, o policial discutiu com os três ocupantes do veículo, um Volkswagen Golf, e disse que voltaria com um carro oficial para dar “uma taca em todo mundo”.

O carro do trio teria levado diversos tiros no momento em que eles fugiram do local e, segundo o relato, o grupo foi perseguido pela dupla, que estava em um Fiat Palio, por quase 3km.

Devido à confusão, o trio decidiu descer do carro e fugir a pé por um matagal. O veículo, que apresenta marcas de tiros nos pneus, na parte traseira e na porta, será periciado pela PCDF. A mulher que tinha medida protetiva contra o companheiro ainda não prestou depoimento.

Demais envolvidos

Na delegacia, a sobrinha do motorista e o namorado dela deram a mesma versão que o condutor e disseram que, após abandonarem o carro, ligaram para a PMDF, que os levou para a delegacia.

O sexto envolvido no caso é irmão do policial militar. À PCDF ele contou que uma mulher teria sido agredida dentro de um carro e que, após conseguir deixar o veículo, a suposta vítima jogou uma pedra no automóvel.

O irmão do PM negou ter havido perseguição ao veículo ou disparos contra o automóvel. Relatou, ainda, não ter “feito nada no meio da confusão” e “temer pela própria vida”, pois, no local da ocorrência, havia aparecido o namorado da sobrinha do motorista, um homem que seria “conhecido no local” e “temido por todos”.