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“Nós que ajudamos Bolsonaro a subir a rampa, precisamos fazê-lo descer”, diz Frota

Segundo o parlamentar, “não se falava de impeachment há um mês, agora se fala, tem gente pedindo. Precisa ter construção política”.

Candidato à presidência da Câmara à revelia de seu partido, o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) diz que resolveu se lançar na disputa porque não vê concorrente disposto a pautar “no primeiro minuto de mandato” os pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Hoje um dos opositores mais ruidosos do presidente, Frota responde a quem o cobra por não ter percebido durante a campanha problemas no agora presidente.

“As pessoas me cobram muito. Você não viu isso antes? Não, eu não vi”, afirmou o político durante entrevista em seu gabinete na Câmara, que tem as paredes 100% adesivadas com motivos flamenguistas. Ele veio para Brasília no começo da semana a fim de tentar uma campanha boca a boca. “Não tenho jatinho para viajar o país”, provoca.

“Essa ala ideológica veio camuflada. Quando Bolsonaro ganha e vai fazer a transição, explode essa ala ideológica, olavista. E Bolsonaro fala amém”, lembra o deputado, que se rebelou contra o bolsonarismo durante as repercussões das acusações contra o senador Flávio Bolsonaro e seu ex-assessor Fabrício Queiroz, apontados como operadores de um esquema de rachadinha com salários de comissionados do então deputado estadual no Rio.

Frota reclama da truculência dos bolsonaristas que não aceitaram sua deserção. “Da noite pro dia eu virei o cara que traiu o Bolsonaro. Mas eu continuo sendo o mesmo, quem mudou foi o Bolsonaro. Quem não seguiu o que tinha prometido foi o Bolsonaro, não fui eu, não foi a [deputada] Joice Hasselmann“, diz ele, sobre outra proeminente ex-bolsonarista da Câmara.

“Bolsonaro deixou muito a desejar e cabe a gente, que trouxe esse cara pra subir a rampa, fazer ele descer”, completa ele, que diz ter vontade de ver o presidente afastado, mas admite não ver ainda clima para isso. “Ainda tem muita gente que acredita nesse charlatão que Bolsonaro se tornou. Ele está em pé hoje porque tem o Centrão em volta dele. Como costumo dizer, presidente da República é o Ciro Nogueira [presidente do PP]”, provoca o neotucano.

“Falta trabalhar mais isso [pressão popular]. O impeachment não é só jurídico, precisa que as forças se unam, que os partidos estejam voltados para essa questão. E não é isso que acontece. O Bolsonaro, quando viu que tinha 60 pedidos de impeachment, se atrelou. Comprou o Centrão, ou se vendeu pro Centrão, coisa que prometeu jamais fazer”, reclama o ex-aliado.

Para Frota, porém, essas condições começam a se formar. “Não se falava de impeachment há um mês, agora se fala, tem formadores de opinião pedindo. Precisa agora ter essa construção política”, afirma.

Futuro da CPMI das Fake News

O deputado Alexandre Frota também falou sobre o futuro da Comissão Parlamentar de Inquérito das Fake News, paralisada pela pandemia assim como outras comissões do Congresso. Para ele, é preciso retomar os trabalhos para expor os métodos do entorno do presidente e ajudar a criar as condições políticas para o impeachment.

“Se o Arthur Lira [candidato do governo] vier a ser presidente da Câmara, a tendência é arquivar a CPMI das Fake News, não haverá nenhum interesse nem do Rodrigo Pacheco lá do lado e nem do Arthur Lira. Porque envolve os filhos do presidente, amigos do presidente, assessores dos deputados”, enumera.

Ainda segundo Frota, retomar a CPMI também é importante para evitar uma recrudescida da ala radical dos apoiadores do governo. “Eles não desistiram. Com as prisões que o ministro Alexandre de Moraes efetivou e o trabalho na CPMI das Fake News com a força-tarefa do STF, conseguimos mostrar quem é quem, o rosto de deputados, assessores. Temos uma infinidade de IPs de computadores que sigilo foi quebrado com ordem judicial. Então, eles se esconderam, mas estão esperando”, avalia.

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