Pela primeira vez na história um presidente brasileiro foi escolhido entre os líderes mundiais “por seu papel na promoção do crime organizado e da corrupção”.
O Projeto de Relatório sobre Crime Organizado e Corrupção (OCCRP, na sigla em inglês) elegeu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “Personalidade do Ano em Crime Organizado e Corrupção”. Segundo o texto de divulgação, o chefe do Executivo brasileiro foi escolhido “por seu papel na promoção do crime organizado e da corrupção”.
O projeto lembra que Bolsonaro foi eleito após o escândalo Lava Jato e se vendeu como candidato anticorrupção. Apesar disso, o grupo afirma que ele se cercou de figuras corruptas, usou propaganda para promover sua agenda populista, minou o sistema de Justiça e travou uma guerra destrutiva contra a região amazônica.
Bolsonaro venceu outros dois líderes: o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Turquia, Recep Erdogan. O oligarca ucraniano Ihor Kolomoisky completou a lista de finalistas.
O OCCRP chamou atenção para acusações de envolvimento de Bolsonaro com o crime de “rachadinha”, no qual o parlamentar recolhe salários de funcionários do gabinete. “Mas os juízes o escolheram por causa de sua hipocrisia — ele assumiu o poder com a promessa de lutar contra a corrupção, mas não apenas se cercou de pessoas corruptas, como também acusou injustamente outros de corrupção”, diz o texto.
Drew Sullivan, editor do OCCRP e um dos nove jurados, afirmou que acusações pairam sobre demais integrantes da família presidencial. São citados o vereador Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, ambos do Republicanos.
“A família de Bolsonaro e seu círculo íntimo parecem estar envolvidos em uma conspiração criminosa em andamento e têm sido regularmente acusados de roubar do povo.” disse Sullivan. “Essa é a definição de livro de uma gangue do crime organizado.”
A publicação cita ainda que o prefeito afastado do Rio, Marcello Crivella (Republicanos), “amigo e aliado” do presidente, foi preso por operar o que os promotores disseram ser uma organização criminosa.
Amazônia
Os jurados colocaram que a política ambiental foi um dos fatores preponderantes na escolha de Bolsonaro. “A destruição contínua da Amazônia está ocorrendo por causa de escolhas políticas corruptas feitas por Bolsonaro. Ele encorajou e alimentou os incêndios devastadores ”, disse o jurado Rawan Damen, diretor do Arab Reporters for Investigative Journalism.
“Bolsonaro fez campanha com o compromisso explícito de explorar — ou seja, destruir — a Amazônia, que é vital para o meio ambiente global.”
Bolsonaro se soma à lista composta pelos presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Rússia, Vladimir Putin. Em 2019, o vencedor foi Joseph Muscat, primeiro-ministro de Malta. Um corpo internacional de jornalistas investigativos, acadêmicos e ativistas seleciona o vencedor a cada ano.
Fundado em 2006, o OCCRP é um consórcio de centros de investigação, mídia e jornalistas independentes que produzem reportagens investigativas.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República não se manifestou.